sábado, 8 de dezembro de 2007

Laços


Passei a semana em Porto Alegre, visitando uma amiga querida aqui do Rio e seu futuro marido sulista. Fui junto com outra amiga igualmente querida e nos divertimos muito. Nós três estreitamos nossa amizade esse ano, no trabalho, na convivência diária. Mas viajando juntas, a história é outra.
Amigos se reconhecem. E com a gente foi desse jeito.
Nunca fui a pessoa mais encantadora do mundo (embora saiba fazer esse papel...), e acho até que esse é meu maior charme (esses arianos...), então pra ser meu amigo, tem que aturar esses meus defeitos, que eu reconheço, muitas vezes são insuportáveis até pra mim (por isso tomo um comprimido pra dormir, porque nem eu me aguento).
O casal amigo que nos acolheu estava muito preocupado com nosso bem estar e chegaram a procurar um hotel humilde e confortável pra nos instalarmos, com medo de que não ficássemos à vontade na casa deles, carinhosamente conhecida como "Portelinha", em referência à favelinha da novela das oito. Ah, imagina, fomos ver nossos amigos, tô pouco me importando onde vou dormir... Enfim, ficamos na Portelinha, e foi melhor que o Copacabana Palace.
Na Portelinha, revezávamos o uso do banheiro pra tomar banho (três mulheres se arrumando pra sair, imagine) ou pra fazer nossas necessidades diárias (sempre acompanhados da nossa amiga Marta Medeiros e suas crônicas - criou-se até um código secreto e a gente já sabia o que um de nós ia fazer quando alguém perguntava "Cadê a Marta?"). Dormindo juntos, compartilhando escatologias (arrotos, flatulências etc), e conversando muito, com uma intimidade rara e quase que instantânea! Quantas confidências e descobertas sobre nós! Tudo com trilha sonora de vanerão, música típica do Rio Grande do Sul e que nossos ilustres anfitriões criam com uma sensibilidade que me emociona profundamente (sim, eu sou capaz de me emocionar!).
Fizemos passeios à Gramado e à Canela e a cada dia que passava, ficávamos mais próximos. Percebi que não sou tão esquisita assim, que tem gente que em tão pouco tempo me aceita do jeito que sou, que aqueles amigos que eu já gostava no trabalho, agora faziam parte da minha vida.
Mesmo quando estávamos sem nosso casal gaudério (porque eles merecem um pouco de privacidade também), lembrávamos deles na hora da gargalhada, quando alguma coisa curiosa acontecia. Do mesmo jeito que lembrávamos dos amigos mais antigos.
Muitas vezes me vi neles, com as mesmas atitudes, com as mesmas reações.
Trocamos uma noitada em uma boate, por um jogo de buraco em casa.
Comi tudo que queria e engordei 4 quilos, mas estava feliz porque engordamos juntos.
Descemos (e subimos de volta) uma escadaria que equivale a 49 andares, só pra tirar fotos na base de uma cachoeira. Olha que coisa linda, que prova de amor, quase infartamos juntos!
Com o desprendimento que só mulheres evoluídas têm, trocamos nossas melhores roupas, sempre em função da amiga ficar mais bonita (ok, com exceção de uma blusa listrada na horizontal que não sei como me deixaram usar, fiquei parecendo uma grávida de 6 meses!).
Na hora de voltar, o coração ficou apertadinho. Fiquei com uma saudade que ainda iria sentir, mas lembrei que agora eles já faziam parte da minha história. E disso a gente nunca esquece.
Tudo foi muito bom. Descobri (mas acho que já sabia) que dar e receber carinho nunca é demais, e que reconhecer amigos a essa altura do campeonato é, sim, possível. Num mundo onde tanta gente é preocupada em fazer média, em fazer "social", fazer amigos ainda é o melhor negócio.

Um comentário:

Anônimo disse...

Já tem um tempinho q não visitava seu blog, havia me esquecido já como seus breves textos me confortam.. fico contente q tens escrito, pois me delicio em suas palavras.

Espero q agora, renovando suas energias nessas férias, volte mais motivada q nunca!

ps: UAU... deixa eu adivinhar, a do meio?!